Congresso | Conclusões Mesa 8
8ª Mesa de debate – Exemplo Espírita (Artigos “Morte de um Espírita” – set. 1859; “O lar de uma família Espírita”- set. 1859; “Enterro Espírita” – abril 1865) – Alexandre Vaz Pereira (ACAE “O Nosso Lar” – Aveiro), Alzira Alegria (CECL – Lisboa) e Paulo Henriques (No Invisível).
“A Morte de Um Espírita”
O texto trata da evocação de um adepto do Espiritismo, Sr. J…, falecido em 1859. Era um homem caridoso e estudioso da Doutrina Espírita, sendo assinante da Revista Espírita. A evocação tinha como objetivo testemunhar a simpatia pessoal e agradecer as gentilezas recebidas da parte do falecido, além de servir como um estudo interessante sobre a influência do conhecimento do Espiritismo no estado da alma após a morte.
Durante a evocação, foram feitas perguntas ao Sr. J… sobre sua felicidade no mundo dos Espíritos, a sua ilusão de ter mais cinco anos de vida antes de falecer e a influência do estudo do Espiritismo na sua entrada na verdadeira vida.
Ele respondeu que a sua felicidade advinha da lembrança do pouco bem que tinha feito e da certeza de um futuro promissor. Afirmou que um Espírito benévolo o ajudou a afastar a ideia da morte iminente e que encontrou as coisas no mundo dos Espíritos de maneira semelhante à que imaginava, embora alguns detalhes se revelassem diferentes daquilo que aguardava.
O texto também discute a existência de comunicações entre os homens durante a vida, mesmo que não sejam percebidas conscientemente, e a dualidade entre a vida corporal e a vida espírita. Além disso, o autor faz a analogia com o estudo de um país antes de habitá-lo e as surpresas que ainda podem ocorrer quando se entra em contacto com a realidade.
“Uma Família Espírita”
O texto relata a intimidade de uma família espírita após a morte do pai. A mãe e dois dos filhos eram excelentes médiuns, e a família usava essa faculdade somente para coisas sérias e com recolhimento e respeito, longe dos importunos e curiosos. A morte do pai foi muito sentida pela família, mas o pai deixou a mensagem de que estaria sempre presente entre eles e que poderiam chamá-lo e conversar com ele. Uma noite por semana, e às vezes mais, a família reunia-se para conversar com o pai falecido e receber as suas orientações. As conversas familiares eram proporcionais à inteligência das crianças, e com instruções que muitas vezes se relacionavam com pequenas travessuras. A família era um modelo de piedade e de caridade evangélicas, e sempre estendia a mão aos irmãos infelizes. Todos os elementos ficavam, assim, muito próximos do pai, que continuava presente nas suas vidas orientando-os. Essa ideia de imortalidade era uma fonte de consolo e força para suportar a separação causada pela morte
“Enterro Espírita”
No dia 5 de março de 1865, o jornal Le Monde Musical de Bruxelas publicou um relato sobre o enterro espírita da Sra. Vauchez, mãe de um adepto do Espiritismo. A descrição detalha a devoção e a ternura demonstradas pelos filhos, que acompanharam o corpo da mãe até ao túmulo, onde o filho mais velho expressou a sua tristeza pela separação e afirmou que, na fé espírita, a sua mãe continuaria a comunicar-se com eles e a inspirá-los no caminho do bem. Anunciou ainda que, em vez de gastos excessivos com o funeral, a vontade da mãe era ajudar a creche de Saint-Josse-ten-Noode e os idosos desamparados. Os seu desejos seriam cumpridos por meio da criação de uma fundação e de um programa assistencial. O amigo da família, Sr. Herezka, recitou versos que expressaram a crença na vida após a morte, na evolução do Espírito e no papel dos amigos espirituais para ajudar e inspirar os vivos. A cerimónia foi descrita como tocante pela simplicidade e sinceridade das crenças e intenções envolvidas. A Sra. Vauchez morreu de uma doença que se prolongou ao longo de 32 anos, e o seu sofrimento foi aliviado pelas consolações encontradas no Espiritismo, na crença na comunicação com os mortos e na continuidade da vida após a morte. As palavras que ela ditou aos filhos, pouco depois de morrer, confirmam a sua convicção na existência de um mundo extraterreno e o agradecimento por ter recebido orientação e proteção.
Conclusões
Os artigos em referência servem para desenvolver a reflexão sobre a nossa atitude como espíritas perante a vida no além-túmulo. Questões como: “De que forma encaramos a morte de um ente querido?”, “Como é que os conhecimentos espíritas estão a transformar o nosso caráter e a preparar-nos para a vida futura?” ou “Como é que a vida espiritual e a vida física se entrelaçam na nossa existência diária?” Esta temática, apresentada por Allan Kardec há mais de 160 anos, continua profundamente atual e as verdadeiras conclusões apenas poderão ser encontradas por cada um, no seu coração e na sua consciência.